A tradicional virada de ano já se foi e, com ela, vem a simbologia do recomeço, tantas vezes marcada por lentilhas, romãs, cores, comemorações, esperanças, desejos e promessas. Prestes a começar o ano letivo de 2022, como andam as metas traçadas no último dia de 2021?
A lista foi parar em alguma gaveta, está registrada no planner para revisitar em dezembro, a mentalização continua forte, as ações estão em curso para concretizar os sonhos?
Se o barco ainda está parado no cais, é preciso navegar. Vale trabalhar a autogestão, que envolve importantes competências socioemocionais, como foco, determinação e persistência, para recolher a âncora e entrar em movimento.
Estudos mostram que as competências da autogestão, como é o caso da responsabilidade,
tem uma queda durante a adolescência e, depois, voltam a subir com a maturidade que vai se conquistando ao longo da vida.
Embora os jovens, às vezes, não sejam capazes de cumprir com tudo aquilo que se comprometeram, enfrentar esse desafio é o que leva ao desenvolvimento socioemocional.
Qual a relação entre responsabilidade e os sentimentos de culpa e arrependimento?
De acordo com o psiquiatra e um dos fundadores do Programa Semente, Celso Lopes de Souza, para responder a essa pergunta, o primeiro passo é diferenciar arrependimento e culpa, ambos sentimentos complexos.
“A culpa é desagradável e aponta uma falta, algo que poderíamos ter realizado ou não deveríamos ter feito. Há complexidade neste sentimento por ser possível identificar nele pequenos elementos de emoções básicas, como raiva, medo e tristeza”, explica.
Mas, segundo o especialista, a culpa também sinaliza direções positivas, como entender o que é necessário reparar e o que aprender com a experiência para se aprimorar.
“Ao assumir a responsabilidade de não repetir o que causa a culpa, este sentimento transforma-se em arrependimento, uma emoção mais funcional.”
Como lidar com o arrependimento?
Mais ação, menos lamentação. Pesquisas revelam que pessoas com a responsabilidade e as demais competências da autogestão bem desenvolvidas são propensas a apresentar respostas construtivas aos sentimentos de culpa e arrependimento.
Isso significa que elas não ficam se lamentando, pois assumem compromissos e procuram agir de maneira saudável e assertiva.
“Se você prometeu a si mesmo fazer atividade física, diariamente, ao menos 40 minutos, por exemplo, comece treinando o cumprimento disso. Quando não conseguir, não use a culpa para paralisar, ao contrário, lembre-se da responsabilidade assumida com sua saúde e bem-estar e recomece”, afirma Celso.
“É desta forma que, independente da data, podemos dizer ‘Feliz vida nova!’”, finaliza.