Criar um ambiente de diálogo sobre os sentimentos é fundamental para deter os números alarmantes de jovens que tiram a própria vida
A Organização Mundial da Saúde considera o suicídio um problema de saúde pública global. A cada ano, mais de 700 mil pessoas cometem suicídio, e aproximadamente 80% dessas mortes ocorrem em países de média e baixa renda.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, os suicídios registram uma tendência de alta, com um aumento de 3,2% ao ano desde 2014. Em 2021, foram contabilizados 15.507 suicídios no país, o que representou a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos e a quarta na faixa etária de 20 a 29 anos.
O país faz parte, desde 2015, do movimento mundial Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio. Em tempos em que o assunto está em voga, com séries sobre o tema e casos cada vez mais frequentes em colégios brasileiros, muitos pais andam preocupados com a saúde psicológica dos filhos. Mas como, afinal, as escolas podem ajudar na questão?
Ouvir é o melhor caminho
“O mais importante é não transformar o suicídio em tabu”, alerta o professor e criador do Programa Semente, Eduardo Calbucci. Para ele, se esquivar do assunto gera desconhecimento. É fundamental, então, que os colégios possuam um canal de comunicação aberto para acolher o adolescente que está pensando em tirar a própria vida. Dessa maneira, é possível identificar casos graves e encaminhá-los para ajuda profissional. Isso pode ser feito de várias maneiras, como com palestras, grupos de conversa e orientação psicológica.
Cada escola pode avaliar a melhor forma de tratar o assunto com a equipe pedagógica. No diálogo, envolvem-se não só os alunos que pensam em suicídio, mas também seus colegas, que precisam de igual acolhimento para lidar com o assunto. Nesse sentido, o professor ressalta que colégios que trabalham com alfabetização socioemocional têm mais recursos para abordar o tema. “O aluno não pode ter medo de exprimir seus sentimentos, e as habilidades socioemocionais estimulam exatamente a reflexão a respeito das próprias emoções”, avalia. Por meio de programas estruturados, há um processo gradual e sistemático em que os estudantes se sentem mais à vontade para dialogar - o que pode ser crucial para salvar vidas. Clique aqui para saber mais sobre o Programa Semente.