Criar um ambiente de diálogo sobre os sentimentos é fundamental para combater os números alarmantes de estudantes que tiram a própria vida
As taxas de suicídio de crianças e adolescentes têm aumentado nas últimas décadas no Brasil. De 2000 a 2015, os casos subiram 65% entre jovens de 10 a 14 anos e 45% entre os de 15 a 19 anos. O país faz parte, desde 2015, do movimento mundial Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio.Em tempos em que o assunto está em voga, com séries sobre o tema e casos cada vez mais frequentes em colégios brasileiros, muitos pais andam preocupados com a saúde psicológica dos filhos. Mas como, afinal, as escolas podem ajudar na questão?
Ouvir é o melhor caminho
“O mais importante é não transformar o suicídio em tabu”, alerta o professor e criador do Programa Semente, Eduardo Calbucci. Para ele, se esquivar do assunto gera desconhecimento. É fundamental, então, que os colégios possuam um canal de comunicação aberto para acolher a criança ou adolescente que está pensando em tirar a própria vida. Dessa maneira, é possível identificar casos graves e encaminhá-los para ajuda profissional.Isso pode ser feito de várias maneiras, como com palestras, grupos de conversa e orientação psicológica. Cada escola pode avaliar a melhor forma de tratar o assunto com a equipe pedagógica. No diálogo, envolvem-se não só os alunos que pensam em suicídio, mas também seus colegas, que precisam de igual acolhimento para lidar com o assunto.Nesse sentido, o professor ressalta que colégios que trabalham com alfabetização socioemocional têm mais recursos para abordar o tema. “O aluno não pode ter medo de exprimir seus sentimentos e as habilidades socioemocionais estimulam exatamente a reflexão a respeito das próprias emoções”, avalia. Através de programas estruturados, há um processo gradual e sistemático em que os estudantes se sentem mais à vontade para dialogar - o que pode ser crucial para salvar vidas.Clique aqui para saber mais sobre o Programa Semente.