Ler uma história fictícia faz com que o indivíduo trabalhe a imaginação criativa, competência socioemocional importante para solucionar problemas
A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo, por meio de ações informativas, alertar a população sobre a importância da saúde mental e, como consequência, sobre prevenção do suicídio. Ao tratar a questão como um problema mundial, reforça-se a responsabilidade da sociedade, como um todo, de garantir o bem-estar físico e emocional das pessoas.
O desenvolvimento das competências socioemocionais é uma excelente estratégia para fortalecer a saúde mental. Ações cotidianas, como a leitura de ficção, podem auxiliar um indivíduo a desenvolver sua inteligência emocional desde a infância. Os efeitos desse exercício permanecerão na vida adulta, com maior capacidade para enfrentar obstáculos.
Como a leitura de ficção auxilia no desenvolvimento da inteligência emocional da criança?
"Quando estimulamos a leitura, nós estamos ajudando a desenvolver uma competência socioemocional extremamente importante, a imaginação criativa", aponta Celso Lopes de Souza, médico psiquiatra e fundador da Semente Educação. A partir disso, ele ressalta que só é possível se envolver com a narrativa de um livro ao imaginá-la. A história é, portanto, o que acontece na mente do leitor, exigindo a interpretação do texto e a visualização dos acontecimentos.
Desse modo, a leitura de ficção fortalece a inteligência emocional da criança, que trabalha competências socioemocionais indispensáveis para a vida. Sobre o impacto da imaginação criativa, Celso comenta: "Em certos momentos, é muito importante ter a capacidade de imaginar caminhos alternativos. Quando uma pessoa se sente sem saída, ela precisa encontrar soluções que não estava enxergando em uma primeira instância. A resposta disso vem da imaginação de pensar e procurar novos rumos."
Como o desenvolvimento cognitivo e socioemocional se relacionam?
"Quando falamos do desenvolvimento cognitivo e socioemocional, é preciso compreender que um potencializa o outro", explica o fundador da Semente Educação. Conforme o indivíduo desenvolve mais habilidades práticas, como ler e somar, mais ferramentas ele terá à sua disposição para lidar com problemas do dia a dia. Nesse contexto, o trabalho socioemocional, como conseguir modular a ansiedade ou ter persistência, também estimula o aprimoramento cognitivo.
Qual a importância da inteligência emocional para se expressar melhor?
Um dos tópicos colocados em pauta durante o Setembro Amarelo é a importância de expressar os próprios sentimentos. Ao desenvolver a própria inteligência emocional, o indivíduo trabalha a família de competências socioemocionais do engajamento com os outros, que inclui a iniciativa social e a assertividade. Em complemento a essas competências, na família da modulação emocional, estabelece-se o controle da ansiedade, fundamental para a pessoa conseguir se expressar e tornar as próprias ideias públicas.
Como inserir a leitura na rotina das crianças
"Para adicionar a leitura na rotina das crianças, é preciso começar por bons contadores de histórias", aponta o psiquiatra. Sendo assim, quem introduz a criança aos livros e textos, normalmente os pais ou os professores, deve prestar atenção para apresentar as narrativas de forma interessante, com um tom de voz atrativo.
"A criança vai gostar de ler se for estimulada, se tiver os momentos de inspiração e se conseguir despertar um aprendizado. A rotina trará um bem-estar, que é puxado pela memória de momentos agradáveis com a leitura. Então, essa é uma das formas de criar esse hábito", finaliza Celso Lopes de Souza.