Aprendizagem socioemocional pode ajudar a combater o problema, ao estimular a empatia, o autoconhecimento e a resolução de conflitos de maneira pacífica
A violência no ambiente escolar se manifesta de diversas formas e, dificilmente, de maneira isolada. Ela pode ocorrer entre alunos, entre alunos e professores e até entre professores. Em escolas privadas, o problema costuma ser menor. Já em escolas públicas, é uma questão mais frequente. Muitas vezes, ela está relacionada à dificuldade de criar um ambiente onde as discordâncias sejam resolvidas de forma pacífica.“É importante considerar que a escola não está à margem do restante da sociedade. Se a sociedade como um todo é violenta, de alguma forma, a escola vai reproduzir isso. Situar a violência nesse contexto mais amplo permite entender melhor a questão”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Segundo Calbucci, uma explosão de raiva pode até ocasionar em um alívio inicial, mas quase sempre as consequências são muito negativas. “Essas manifestações de raiva vêm acompanhadas de emoções muito desagradáveis, como culpa, arrependimento e vergonha. Mais do que isso, esse tipo de explosão incentiva outros atos de violência. Se gentileza gera gentileza, violência gera violência”, afirma.
Então, como combater a violência na escola?
Segundo ele, a aprendizagem socioemocional pode dar alguns caminhos para combater a violência. Isso porque ela propõe, entre outras coisas, uma constante reflexão a respeito das emoções no ambiente escolar. Muitas vezes, uma explosão de agressividade está ligada a um descontrole relacionado à raiva. Se uma pessoa aprende a controlar a raiva, a chance de uma explosão de violência diminui.Outra questão que a aprendizagem socioemocional trabalha é o desenvolvimento da empatia – a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, sentindo o que ela sente, pensando o que ela pensa. “Quando somos empáticos, lidamos melhor com a diferença e a diversidade e aprendemos a tolerar quem pensa de outro modo. Isso faz com que haja menos violência”, explica o professor.Calbucci destaca, ainda, que a resolução de conflitos de maneira assertiva e pacífica também é um aprendizado que pode influir positivamente no ambiente escolar e, por extensão, na sociedade como um todo. “É claro que, infelizmente, isso não é um remédio de curto prazo. Quase sempre os benefícios desse tipo de intervenção serão de longo prazo, mas temos que começar de alguma forma”.