Isso significa entender que emoções desagradáveis são naturais e que devemos evitar tomar decisões importantes em momentos de intensidade sentimental
O termo vitimismo, muitas vezes, é empregado de maneira pejorativa e contribui para que vítimas de violação, agressões e ameaças sejam consideradas culpadas pela violência que sofreram. É sempre importante enfatizar que vítima nunca tem culpa. Agressores que têm.Mas o termo também pode estar relacionado ao uso que podemos fazer de emoções desagradáveis, como raiva e tristeza, para não cumprir algo que precisamos realizar. “Essas emoções desagradáveis são uma âncora para perseverança, resiliência, persistência e determinação e levam, justamente, para esse movimento de desistência”, explica Eduardo Calbucci, professor e um dos autores do Programa Semente.Segundo ele, quando uma pessoa não quer fazer uma determinada coisa, é comum ela procurar uma justificativa, dizendo para ela mesma que chegou ao seu limite, que fez tudo que era possível. “O problema disso é que, muitas vezes, quando estamos sob efeito dessas emoções desagradáveis, não estamos no melhor momento para tomar uma decisão importante.”Ele dá como exemplo alguém que está fazendo um curso superior de Sociologia e descobre, no meio da graduação, que vai ter aula de estatística, disciplina que detesta. Isso poderia levar a pessoa a pensar em até largar a faculdade. Nesses momentos, quando surge esse impulso da desistência, ele sugere se questionar: “Será que estou desinteressado do meu objetivo maior ou apenas passando por uma fase difícil?”
Como identificar o vitimismo?
Calbucci diz que conseguir identificar esses momentos em que se está sob efeito das emoções desagradáveis é muito importante. “Aí a história que você começa a contar para você mesmo se torna um pouco diferente: não é mais a de que vai desistir, mas a de que não está no melhor momento para tomar uma boa decisão, portanto, terá que esperar um pouco, porque ainda aposta no seu objetivo maior”. De acordo com ele, isso significa ter controle sobre as próprias emoções. “Nós não somos as nossas emoções. Elas são estados transitórios”, afirma.“Quantas vezes não ocorre arrependimento, culpa, vergonha porque as pessoas acabam tomando uma decisão num momento de grande intensidade sentimental? E, depois, elas acabam avaliando que não era bem assim. Então, acabamos superestimando os problemas e subestimando a nossa capacidade de enfrentá-los. Nesse sentido, temos que evitar ser vítimas das nossas próprias emoções desagradáveis”, conclui o professor.