Autoconhecimento, assertividade e empatia são algumas das competências que podem auxiliar as meninas a enfrentarem os desafios da sociedade
Março é o mês da mulher. O dia 08/03 foi estabelecido com base em diferentes eventos históricos ao redor do mundo, como os protestos de operárias russas contra a fome em 1917 e a morte por carbonização das trabalhadoras de uma fábrica têxtil de Nova York, em 1857. A data internacional traz reflexões sobre a participação feminina na sociedade, suas conquistas e os desafios que têm pela frente.
Ana Carolina D’Agostini, mestre em Psicologia Educacional e gerente de conteúdo da Semente Educação, afirma que ainda há uma série de desafios sociais importantes que fazem parte da luta pela igualdade de direitos.
Desigualdade salarial, estereótipos, maior incidência de transtornos mentais e quadros de violência são alguns exemplos. “Para lidar com todos ou muitos deles, precisamos ter as nossas emoções como aliadas”, diz a especialista.
A importância do desenvolvimento socioemocional para mulheres
Ter ferramentas para saber lidar com as emoções durante os momentos de dificuldade é fundamental para as mulheres. Segundo Ana, identificar e refletir sobre as próprias emoções, sabendo quando é hora de pedir ajuda, faz com que elas se sintam melhores e saibam lidar com esses obstáculos.
“A mulher fica ciente das próprias forças, dos pontos que precisa desenvolver em si e dos seus valores”, declara a psicóloga. “Ela também identifica o que pode estar limitando quem ela é e quem ela pode ser. Essa limitação pode acontecer por mensagens transmitidas pela mídia, por falas ultrapassadas em ambientes de trabalho ou na família e por padrões inatingíveis de performance e de estética”.
Competências-chave para a educação socioemocional
Ana Carolina aponta algumas habilidades fundamentais para as mulheres:
- Autoconhecimento: avaliar emoções e padrões de pensamento que podem influenciar o estado emocional das mulheres e a forma como os desafios sociais as atravessam diariamente.
- Pensamento crítico: saber filtrar as informações adquiridas por meio do autoconhecimento e entender quais devem ser levadas em consideração e quais são pressões sociais.
- Habilidades de comunicação: ser assertiva quando necessário e atentar-se ao estereótipo que limita as mulheres a serem sempre "doces" e "passivas"
- Empatia: buscar compreender os sentimentos e perspectivas de outras mulheres, que podem passar por situações diferentes umas das outras, mas podem se conectar por meio da escuta da história de vida, da identificação e do reconhecimento feminino.
Como as meninas podem se “empoderar emocionalmente”?
A especialista pontua que cada pessoa traz a própria bagagem emocional, que é única, com suas experiências de vida e influências em sua história. “Tanto homens como mulheres estão sujeitos a enfrentar uma série de desafios emocionais”.
Ao mesmo tempo, ela acredita que existem muitos pontos importantes que marcaram a trajetória das mulheres ao longo da história. Por exemplo, a conquista do direito ao voto, a participação no mercado de trabalho e uma série de histórias de superação de figuras femininas que se tornaram emblemáticas, como a ativista norte-americana Rosa Parks.
“Nós temos inúmeros motivos, como mulheres, para ter orgulho de quem somos quando olhamos para todas essas conquistas e mudanças”, diz Ana. “Eu acho que isso é uma razão para se empoderar por ser mulher”. Esse empoderamento influencia positivamente o desenvolvimento socioemocional.
“Ainda há muito a evoluir enquanto sociedade. Não só no Brasil, como no mundo. Mas eu diria que sou otimista quando olho para trás e vejo quantas mudanças positivas e conquistas nós mulheres já passamos. E isso dá forças para que venham muitas outras”, conclui.