Ferramenta pode ser uma aliada na sala de aula ao ser usada de forma eficiente, responsável e ética
Os avanços tecnológicos dos últimos anos têm transformado vidas em várias dimensões, mudando a maneira como trabalhamos, aprendemos, consumimos e nos divertimos. Desde o lançamento do primeiro iPhone em 2007, houve uma verdadeira revolução no acesso à informação, conectividade e automação. Na opinião de Douglas Linhares, diretor de tecnologia da Semente Educação, esse movimento não vai parar.
“É preciso estarmos atentos e preparados para o futuro, que cada vez mais vem se fundindo com o presente, tamanha a velocidade das mudanças. A chave é não resistir, e sim compreender e aceitar”, afirma.
Nesse contexto, um dos assuntos que mais ganham destaque na área educacional é o uso da inteligência artificial (IA). Ela pode ser utilizada, entre outras formas, em processos operacionais, como preparação de aulas, elaboração de atividades e resumos, além de tutoria, criação e correção de avaliações, análise de desempenho, adaptatividade e personalização de conteúdos. “Eu a vejo também como uma grande fonte de consulta para potencializar ideias e ajudar a colocá-las em prática”, completa o diretor.
Uma pesquisa realizada pelo Google, em parceria com a Educa Insights, em 2023, mostrou que três em cada dez estudantes brasileiros já utilizam ferramentas de IA. No ensino superior, esse número sobe para sete a cada dez alunos, segundo levantamento de 2024 da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, feito em conjunto com o mesmo parceiro.
Oportunidades e desafios da IA na educação
Sobre os impactos da IA no processo de ensino e aprendizagem, Douglas observa efeitos positivos e negativos. “Considero que estão equilibrados na mesma medida em razão de estarmos em fase de adoção da tecnologia”, explica.
Os pontos positivos, segundo ele, incluem velocidade para professores e alunos, maior acesso a informações inovadoras e maior facilidade de personalização do ensino. Ele também destaca o potencial da IA para promover a equidade no ensino.
“No Brasil, isso tem um impacto gigantesco, sobretudo para alunos em situação de vulnerabilidade social. Essa equidade pode se traduzir em mais acesso à educação e personalização do ensino para cada necessidade, até mesmo em nível individual. Esse efeito se estende também a alunos com necessidades especiais, como crianças com transtorno do espectro autista (TEA) ou com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)”, aponta.
Como aspectos negativos, ele indica o risco de dependência da tecnologia a ponto de prejudicar o pensamento crítico e os processos cognitivos relacionados à aprendizagem e à curiosidade. E, ainda, a possibilidade de mal uso por parte dos alunos para se beneficiarem em entregas de atividades -- colar, pedir que a IA faça as tarefas etc.
“Além disso, também há questões relacionadas ao uso não ético, para a produção de fake news, por exemplo. E um ponto que toca na substituição do papel do professor, que julgo fundamental ser realizado por um ser humano”, ressalta Douglas.
Em relação a opções de ferramentas de IA, ele cita o Google Classroom, que tem uma gama de possibilidades voltadas para a dinâmica de sala de aula, como criação e correção de exercícios, tutoria e preparação de aulas, entre outras.
“Também destaco a Plataforma Semente, que é capaz de medir as competências socioemocionais dos alunos. Em 2025, ela oferecerá, por meio de IA combinada com psicometria, um resultado preciso e personalizado a cada aluno, evidenciando suas fortalezas e necessidades de desenvolvimento”, conclui.