Para Tania Fontolan, diretora-geral do Programa Semente, é preciso ter objetividade nos encontros
Um dos temas mais discutidos na educação brasileira é a participação dos pais na vida escolar dos filhos – o que inclui desde comparecer às reuniões escolares até o apoio nas lições de casa. Pesquisas mostram que a família participa mais do assunto nos primeiros ciclos da educação básica. Conforme a criança vai crescendo, começa a haver um certo distanciamento por parte dos responsáveis.Para Tania Fontolan, diretora-geral do Programa Semente, há um saldo positivo nesse processo. “A criança precisa ganhar independência”, afirma. Isso não quer dizer que os pais devem ‘passar o bastão’ para a escola. Ao contrário, trata-se de um trabalho em equipe.Em geral, participar de reuniões escolares é um desafio para os pais e responsáveis que trabalham em tempo integral. Por isso, as escolas devem - definir com bastante antecedência as datas dessas reuniões para que possam ser incluídas nas agendas das famílias. “É possível marcar menos encontros, mas mais produtivos, com pautas bem estabelecidas”, sugere. Reuniões marcadas de última hora somente se justificam caso tenham ocorrido questões graves que envolvem a comunidade escolar.
Pautas bem definidas para engajar os pais
As escolas precisam definir essas reuniões de forma estratégica. Para a educadora, os pais precisam sentir que houve um ganho quando despendem tempo para se deslocar até a instituição de ensino. É um desestímulo à presença em reuniões futuras ocupar parte do encontro com assuntos burocráticos que poderiam ser resolvidos por e-mail. “Deve ocorrer um diálogo produtivo, questões que uma vez discutidas melhorem de fato a integração da escola e família”, ressalta.Tania sugere que as reuniões sejam menos descritivas e mais explicativas. É uma oportunidade preciosa para a equipe pedagógica explicitar aos pais as finalidades das ações pedagógicas que estão sendo aplicadas e sanar as dúvidas. Como os pais não são especialistas em educação, não têm como saber a importância de uma determinada atividade que está sendo posta em prática ou mesmo de uma regra que está estabelecida. Os educadores, se queixam, com razão, do que consideram tentativas de interferência indevida das famílias no trabalho da escola. Mas precisam observar que, por vezes, essas interferências se dão porque a escola comunicou mal as razões que motivaram aquelas atividades e os ganhos conceituais, de valores, de atitude, de organização pessoal que o aluno poderá adquirir com elas.Para começar a criar a cultura de frequência às reuniões – avaliadas como um momento que faz diferença e amplia o conhecimento das famílias sobre o processo educativo dos filhos, Tania sugere que se comece aproveitando os dias de divulgação de notas (tema que normalmente mobiliza mais ao pais). Antes dessa divulgação e dos encontros com os professores, fazer reuniões gerais nos quais se discutem pautas importantes.“O pai ou responsável foi em função da divulgação de notas, mas percebe que o encontro e a discussão foi mais rica do que ele imaginava. Isso é um estímulo para participação em reuniões futuras, baseadas em um tema importante para a relação escola-família”.É bom lembrar que a participação da família na vida escolar dos filhos ultrapassa a presença física. Ajudar nas tarefas de casa e frequentar espaços culturais são formas de dar apoio aos estudantes. Mesmo os pais que não tiveram acesso ao ensino formal, mas que demonstram a importância na formação, já estão colaborando para o processo educacional de seus filhos.Conheça mais sobre o Programa Semente aqui.