Para o psiquiatra Celso Lopes de Souza, os pequenos devem perceber a realidade como ela é, reconhecendo suas fraquezas e fortalezas
Nos últimos anos, psicólogos têm alertado para um problema conhecido como geração narcisista. O título provém de crianças que, desde a tenra idade, são premiadas por qualquer motivo. Ou seja, até mesmo quando elas cumprem suas obrigações rotineiras, como se comportar bem na escola ou guardar os brinquedos, são elogiadas em excesso.Para o psiquiatra Celso Lopes de Souza, que é também professor e um dos criadores do Programa Semente, a autoestima inflada pode acarretar sérios problemas para a vida da criança. “O elogio é muito importante, mas deve acontecer pelos motivos corretos. Devemos elogiar os pequenos pelo esforço e pela perseverança”, explica.Assim, é importante que as congratulações ocorram de forma alinhada com a realidade. O elogio vazio pode fazer com que a criança se sinta melhor do que os outros ou até melhor do que de fato é em determinada ação. “Se isso acontecer, ela pode deixar de se dedicar o suficiente por acreditar que já é boa demais. Outra consequência é que, quando perceber que não é tão boa quanto seus pais dizem, ela pode parar de fazer algo que tem talento por medo de causar decepção”, analisa.Nesse processo, é imprescindível que a criança tenha noção da realidade, reconhecendo suas fortalezas e fraquezas, tendo em vista seus próprios limites. “Mas as limitações só podem ser determinadas após muita perseverança e mentoria adequada. Reconhecer as fraquezas é saber onde se deve concentrar maior atenção”, alerta Celso.O autoconhecimento, um dos pilares da aprendizagem socioemocional, é um grande aliado no processo. A capacidade de reconhecer as próprias emoções gera indivíduos mais resilientes e conscientes de quem são no mundo. “A aprendizagem socioemocional desenvolve essas habilidades para que sejamos seres humanos melhores”, completa Celso.