Gestor deve reconhecer as próprias características e usá-las em favor do grupo; diversidade de perfis deve ser entendida como riqueza e contribuir para o trabalho em conjunto
No ambiente escolar, o desenvolvimento socioemocional pode ajudar os gestores a inspirar a equipe e conseguir melhores resultados. Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, diz que há uma série de pesquisas que tem demonstrado, para todas as áreas de atuação que envolvem grupos, que estruturas horizontalizadas, com lideranças mais inspiradoras que autoritárias, apresentam melhores resultados. “Com as escolas não é diferente”, ela afirma, fazendo uma comparação entre líderes centralizadores e agregadores.De acordo com a diretora, modelos muito centralizados, com gestores que são apenas mais temidos do que respeitados, experimentam, com frequência, alta rotatividade de pessoas, clima negativo e, no limite, falta de engajamento genuíno por parte das pessoas. "’Faço o que me mandam’ é uma frase representativa desse modelo que denota pouco envolvimento e compromisso. Gestores desse tipo dizem ‘o que fazer”, afirma.Já um líder agregador, segundo Tania, compartilha com a equipe os objetivos que precisam ser alcançados, escuta opiniões sobre as melhores formas de alcançá-los e mantém o grupo mobilizado e motivado. “E isso sem abrir mão de sua autoridade, que implica cobrar resultados, propor ajustes e, muitas vezes, dar feedbacks ‘duros’. Gestores desse tipo dizem ‘por que fazer’ e compartilham o ‘como fazer’”, compara.“Para esse segundo tipo de líder – inspirador e agregador – habilidades socioemocionais, como autoconhecimento, autocontrole e empatia, são indispensáveis”, diz a diretora.
Habilidades de líder
O autoconhecimento permite conhecer as próprias características, traços de personalidade e comportamento, além de ajudar na avaliação de como isso colabora para a boa gestão do grupo e quando desestimula e afasta as pessoas. “O reconhecimento das características que são desfavoráveis possibilita a um líder dotado de autocontrole que não as deixe em primeiro plano. Ao mesmo tempo, permite que se coloquem em evidência as características pessoais que efetivamente contribuem para a melhor gestão do grupo, tanto em termos interpessoais, como em relação ao foco para o cumprimento do planejamento pactuado e para as melhores formas de mobilizar – e cobrar – o grupo para tal”, declara.“Um gestor que conhece a si mesmo -- e tem consciência de que quando está com raiva costuma exagerar nas reações -- sabe que essa não é a melhor hora para se dirigir a alguém do grupo para tratar de pontos a serem ajustados”, exemplifica.A empatia, por sua vez, não somente permite reconhecer e respeitar as características das outras pessoas, como entender que nem todos funcionam da mesma forma. “Lidar com a diversidade de características presente em um grupo e fazer essa riqueza convergir para o trabalho em conjunto é uma vantagem preciosa que líderes empáticos possuem”, pontua.Ela faz uma ressalva, no entanto, que isso não significa a aceitação passiva de características de outros que prejudicam o grupo. Ou seja, um líder empático deve promover o melhor de cada um e limitar eventuais reações de um ou outro que não sejam boas para as demais pessoas e para a instituição. “Nesses casos, feedbacks dados sem raiva, com objetividade, clareza e firmeza são o melhor caminho. Também é preciso cuidar para criticar o comportamento em questão, e não a pessoa em si”, completa.