Especialista explica como controlar o estresse e encontrar equilíbrio no cotidiano para impedir o esgotamento
A síndrome de Burnout, também conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional causado e potencializado por uma carga de estresse excessiva de longa duração em atividades relacionadas ao trabalho. O termo é derivado do verbo inglês “burn”, que significa “queimar”. Em tradução livre para o português, o vocábulo pode significar algo como “queimar por completo”.
De acordo com um estudo realizado pela International Stress Management Association (Isma), o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados da síndrome. Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) revelam que cerca de 30% dos brasileiros são afetados.
Os sintomas do Burnout
A psicóloga Ana Carolina D’Agostini, gerente de conteúdo do Programa Semente, destaca alguns dos sintomas comuns da síndrome:
• Falta de motivação;
• Isolamento;
• Irritabilidade;
• Pessimismo;
• Dificuldade de concentração;
• Ansiedade;
• Dor de cabeça;
• Sensação de fraqueza;
• Mudança brusca de humor;
• Dificuldades para dormir e insônia;
• Lapsos de memória.
Ana afirma que a profissão de docente tem um alto índice de afastamento por esse motivo. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou que aproximadamente um terço dos professores da Educação Básica sofrem com o distúrbio. Também é possível que estudantes se sintam sobrecarregados com os estudos em certas épocas do ano, mas a especialista reforça que a nomenclatura “Burnout" costuma estar associada apenas às questões relacionadas ao trabalho.
Como evitar o Burnout?
“É importante pensar que evitar o Burnout não deve ser somente uma tarefa do profissional, mas que os gestores devem estar atentos às condições de trabalho e aos sentimentos da equipe”, afirma Ana. É preciso pensar em medidas voltadas para a saúde mental e para o bem-estar dos funcionários.
Já para os profissionais, a especialista indica algumas formas de se cuidar:
1. Reservar tempo para descanso e lazer: estabelecer limites claros entre os horários de trabalho e da vida pessoal.
2. Cuidar da saúde física: por meio da chamada “tríade da saúde”, composta por exercícios físicos regulares, alimentação saudável e sono de qualidade.
3. Fazer pequenas pausas no dia: utilizá-las para praticar técnicas de relaxamento, meditação e respiração.
4. Gerenciar o tempo: identificar as tarefas prioritárias e as que podem ser adiadas.
5. Buscar apoio: contar com colegas, amigos, profissionais da saúde mental e familiares para conversar em momentos de dificuldade.
6. Expectativas realistas: estabelecer metas alcançáveis e ter um senso de progresso conforme as tarefas são cumpridas.
Manejo do estresse e equilíbrio do cotidiano
Existem algumas estratégias para controlar o estresse e equilibrar o tempo de trabalho e lazer. O primeiro método apontado por Ana é não ignorar sintomas físicos e emocionais. “Quando estiver se sentindo muito irritado, com o sono e a memória afetados e o nível de estresse além da medida, é importante procurar um apoio médico psicológico e conversar com pessoas de confiança”.
Ela também cita a importância de ter um espaço de troca e discussão no trabalho para falar sobre essas questões: é necessária a comunicação com os colegas e gestores sobre como o funcionário está se sentindo e quais limites foram estabelecendo. A psicóloga também destaca o problema atual de que o descanso e o relaxamento são vistos como coisas erradas, que precisam ser evitadas e escondidas. “Como se fosse uma sociedade da performance, em que a gente tem que entregar tudo, o tempo inteiro”.
Outra dica é focar na qualidade, e não na quantidade de tarefas. “Se você pensar em fazer uma coisa de cada vez ao invés de pegar tudo ao mesmo tempo para tentar dar conta, pode evitar a sobrecarga e fazer um trabalho de cada vez, com calma, e ter essa sensação de progresso”, explica. Além disso, é importante a prática do desligamento, tentando desconectar-se do trabalho no WhatsApp e no computador fora do expediente.